A falta da minha Cãopanheira Nisca

A noite cai sobre o lar que um dia foi preenchido por patas alegres e olhares curiosos. A porta se abre, mas não é mais acompanhada pelos passos animados da Nisca. Ao invés disso, apenas o Átila entra, seu olhar perdido busca algo que não está mais ali.

O ritual noturno, uma dança familiar entre dois amigos inseparáveis, é agora uma lembrança. Juntos, Átila e Nisca encontravam conforto na cama, compartilhando calor e sonhos caninos. Mas agora, a ausência pesa, deixando o Átila perdido e buscando consolo nos olhos de quem o ama.

A porta se fecha, mas o vazio persiste. O Átila olha para mim com olhos que falam, buscando entendimento para a falta que sente. Eu levo-o para a cama, tentando preencher o vazio com carinho e palavras silenciosas.

No silêncio da noite, o Átila deita-se, mas a ausência da Nisca paira. Levanto-me quando acredito que ele encontrou paz, apenas para ser interrompido pelo som suave das suas patas na busca pelo conforto perdido. Ele encosta-se a mim, levanta uma pata, e o pedido é claro: "Estou aqui. Preciso de ti".

Peço desculpas, prometendo apenas alguns minutos para minhas tarefas. Mas o Átila não entende a espera. Uma pata toca-me, insistente, como um lembrete de que a solidão não é fácil. Juntos, retornamos à cama, onde o corpo dele busca o meu, e a Nisca observa de algum lugar distante.

O despertador anuncia um novo dia, mas a rotina matinal não é mais a mesma, a falta da Nisca é sentida enquanto preparo a comida para os patudos. Átila observa, tranquilo, mas sua paciência é recompensada quando sente que o repasto está pronto. Ele aproxima-se, pé ante pé, como se a cada passo estivesse reconstruindo os momentos compartilhados com a amiga ausente.

Os olhares e carinhos trocados entre nós são um eco distante dos tempos em que três corações batiam em sintonia. É hora de sair, a comida é distribuída, mas a alegria de Átila é um suspiro comparado à vivacidade de outrora.

O dia se desenrola, mas a sombra da Nisca persiste. Átila, que um dia exibia confiança e independência, agora observa o mundo com uma pitada de melancolia. Ele cheira e roe coisas, mas a alegria é tingida pela saudade.

O relógio avança, a noite chega, e a cena se repete. A hora de recolher chega, mas agora, ciente das necessidades do Átila, vamos juntos para a cama. Eu estou lá com ele, consciente de que, para ele, o resto não importa. Nossa ligação, compartilhamento e amor são o que contam. Dormimos com a Nisca olhando por nós.

O despertador toca novamente, marcando 7:00. Levanto-me, mas agora não apenas para alimentar os patudos. É um novo dia que começa, mas é mais do que isso. É uma oportunidade para fortalecer a nossa conexão.

Átila, inicialmente na preguiça, se junta a mim quando percebe que algo mais está acontecendo. A troca de olhares e carinhos é um ritual diário, um fortalecimento de vínculos. Juntos, vamos para fora, e a rotina segue, mas a saudade persiste, uma sombra constante.

À medida que o dia avança, o Átila lentamente recupera um brilho de confiança, e sua independência aos poucos começa a aumentar novamente. Observa o mundo, cheira o ar e, de alguma forma, encontra consolo.

A noite retorna, e a hora de dormir se aproxima. O ciclo se completa, mas não da maneira que era antes. Agora, é uma jornada marcada pela ausência, uma saudade que permeia cada passo.

Este relato não é apenas uma narrativa de um dia na vida do Átila sem a Nisca. É uma chamada de atenção, uma reflexão sobre as pequenas mudanças no comportamento dos nossos companheiros caninos. Eles falam conosco de maneiras que nem sempre percebemos. Às vezes, a vida nos envolve, mas este é um lembrete para abrandar, observar, ouvir e sentir o que eles nos dizem. Eles precisam de nós, assim como nós precisamos deles.

Por nós, por eles, pela ligação que transcende o visível, continuamos a viver com confiança e felicidade, mesmo quando a saudade é nossa companheira silenciosa.




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