O último dia da Rainha Nisca
Toca o despertador às 07:00. O silêncio da manhã é interrompido pelo som da rotina que se inicia. Levanto-me, enquanto a Nisca, minha leal companheira, ainda repousa. O dia se desdobra, mas ela, mesmo com passos lentos devido à doença, não deixa de mostrar seu apetite e ansiedade pelo café da manhã.
Enquanto preparo as refeições para os outros cães, a Nisca se aproxima devagar, apoiando-se em mim com equilíbrio instável, olhando-me com olhos que falam, "Tenho fome, vai demorar?". Prometo que está quase pronto, acalmando seu anseio. Distribuímos a comida, ela, apesar da enfermidade, continua sendo um "aspirador" voraz.
O passeio pelo terreno torna-se uma jornada cuidadosa, passo a passo. Ela faz suas necessidades, cheira a terra e a erva, movimentando-se para não enferrujar. Guloseimas são espalhadas pela erva, e ela as saboreia num espaço limitado, consciente de suas limitações.
Passeio para manter a forma
De volta ao descanso, a dificuldade aumenta. Suas patinhas resvalam no chão do quarto, e corro para a ajudar. Ela tinha caído da cama, olhando-me com olhos que diziam, "Ajuda-me, está difícil hoje", coloco-a de volta na cama, agradece e fecha os olhos para descansar.
Pouco depois, percebo que sua condição piorou. Decido que é hora de deixá-la partir. Depois de combinar com a veterinária, volto para junto dela. A Nisca descansa, e eu compartilho o silêncio das nossas almas, mesmo sabendo que é hora de nos despedirmos.
A decisão é difícil, mas necessária. Preparo uma cama no carro, coloco a manta que a envolveu nos últimos dias para confortá-la. A hora de partir se aproxima, e ela olha para mim, "Estamos prontos". Arrasto a cama lentamente para fora, e seus olhos encontram os outros cães. Trocam olhares e despedidas. A jornada começa, e ela estica a cabeça para olhar o caminho que deixamos para trás.
Chegamos à clínica. A cama com a Nisca é cuidadosamente colocada sobre a mesa. Enquanto a veterinária executa o procedimento, permaneço ao seu lado, sussurrando palavras de conforto. Descrevo a viagem que ela fará, os amigos que encontrará. O último suspiro chega, e eu a abraço, chorando e libertando a minha dor.